Still Life with Golden Goblet.
Pieter de Ring. 1640/1660. 100cm x 85cm. oil paint. Rijksmuseum.
STILL LIFE PAINTING ou NATUREZA MORTA
Numa visita a um museu, as Naturezas Mortas passam as vezes despercebidas ou renegadas a um segundo plano, talvez porque mal interpretadas.
Considerada uma arte menor no passado, envolvida em um certo tipo de preconceito no presente. Natureza Morta é um gênero de arte que merece ser descoberto - assim como toda manifestação de arte. Um olhar mais atento e cuidadoso, mas sobretudo uma certa dedicação em tentar entendê-la.
Rebecca Scott, pinta naturezas mortas onde explora através de cenas domesticas, como mesas bem arrumadas, a procura obsessiva por perfeição (e seu consequente fracasso) que nos é vendida através da mídia, das revistas destinadas ao publico feminino.
Considerada uma arte menor no passado, envolvida em um certo tipo de preconceito no presente. Natureza Morta é um gênero de arte que merece ser descoberto - assim como toda manifestação de arte. Um olhar mais atento e cuidadoso, mas sobretudo uma certa dedicação em tentar entendê-la.
Tipicamente caracterizada pelo arranjo de objetos como flores, frutas, utensílios domésticos, livros, vasos, potes, alguns tipos de animais e insetos, conchas, moluscos, etc.
Esse tipo de pintura está presente desde o mundo antigo. Entres os egípcios, gregos e romanos. Porém com finalidades diferentes. Os Egípcios decoravam as tumbas com pinturas de frutas, pães, peixes e bebidas porque acreditavam que os mortos poderiam precisar dos alimentos em outra vida. Os Gregos e Romanos pintavam cenas murais, mosaicos no chão e potes, tendo como tema a comida. A intenção, entre outras, era demonstrar hospitalidade ou celebrar as estações.
Na Idade Média e através do Renascimento esteve estreitamente associada a religião e usada como alegoria juntamente com outros temas religiosos. Mas nunca como o assunto principal.
Nos séculos 15 e 16 era presença nas pinturas de alguns artistas, como Jan Van Eyck, Holbein e Caravaggio. Porém apenas como coadjuvante e ainda não como o tema principal.
Ressurgiu como um gênero independente de representação pictórica no século 17, especialmente nos Países Baixos. Esse tipo de pintura até então não tinha um gênero propriamente dito na historia da arte. Isso na verdade foi sendo adquirido com o passar do tempo através do aparecimento daqueles que começaram a analisar e estudar as obras.
Esse tipo de pintura está presente desde o mundo antigo. Entres os egípcios, gregos e romanos. Porém com finalidades diferentes. Os Egípcios decoravam as tumbas com pinturas de frutas, pães, peixes e bebidas porque acreditavam que os mortos poderiam precisar dos alimentos em outra vida. Os Gregos e Romanos pintavam cenas murais, mosaicos no chão e potes, tendo como tema a comida. A intenção, entre outras, era demonstrar hospitalidade ou celebrar as estações.
Na Idade Média e através do Renascimento esteve estreitamente associada a religião e usada como alegoria juntamente com outros temas religiosos. Mas nunca como o assunto principal.
Nos séculos 15 e 16 era presença nas pinturas de alguns artistas, como Jan Van Eyck, Holbein e Caravaggio. Porém apenas como coadjuvante e ainda não como o tema principal.
Ressurgiu como um gênero independente de representação pictórica no século 17, especialmente nos Países Baixos. Esse tipo de pintura até então não tinha um gênero propriamente dito na historia da arte. Isso na verdade foi sendo adquirido com o passar do tempo através do aparecimento daqueles que começaram a analisar e estudar as obras.
Holbein – The Ambassadors, 1533
Caravaggio - Supper at Emmaus,1601
Naquele período o Norte da Europa passava por transformações políticas e religiosas que afetaram todos as aspectos da vida das pessoas – a Reforma Protestante mais especificamente. Esses eventos também tiveram um impacto nos assuntos que os artistas escolhiam para suas obras. A Holanda, que até então não existia como país independente, apesar de dominada pela Espanha Católica, foi um dos poucos países que manteve suas raízes protegidas da influencia religiosa do catolicismo. Quando a Reforma se espalhou pelos Países Baixos a libertação definitiva dos artistas aconteceu. Os temas religiosos, históricos ou mitológicos já não tinham mais tanta importância como antes e agora os artistas se sentiam livres para escolher os temas que bem entendessem para suas pinturas
Assim dentro desse contexto histórico e político os artistas holandeses passaram a ter mais liberdade de escolha. Impulsionados pelos acontecimentos e em busca de uma identidade que os resgatasse da influencia espanhola, sua arte passa a representar seu próprio território com suas paisagens, seus costumes, a vida cotidiana. Assim a representação das coisas em si mesmas merece uma posição de maior destaque e valor - as Natureza Mortas se adequaram muito bem a esse fim.
Still Life with Flowers with on a Marble Tabletop.
Rachel Ruysch, 1716. o/s/t 48,5cm x 39,5cm. Rijksmuseum.
Inicia-se uma época de grande produção e pesquisa nesse gênero. Os artistas encontraram uma oportunidade de demonstrar suas habilidades e talentos. Esmeravam-se diligentemente na pintura das coisas, suas texturas, luzes e sombras, cores, superfícies e composições, etc.
Além do virtuosismo, cada elemento e objeto dentro da cena de uma pintura de Natureza Morta tem um significado oculto, simboliza algo além da simples aparência. Assim através dos objetos os artistas tinham a intenção de falar de outros assuntos.
A transitoriedade da vida por exemplo, representada pelas frutas (que se decompõe), insetos, a fumaça que se dissipa, o estopim de velas, velas acesas, relógios e ampulhetas. Caveiras, a certeza da morte; frutas em decomposição, a decadência do corpo físico; instrumentos musicais, os prazeres mundanos e momentâneos, a audição; o espelho, a vaidade, o sentido da visão; as flores, vaidade e a beleza efêmera e também o olfato. Cartas, dados e livros, etc.
Banquet Still Life.
Adriaen van Utrecht. 1644 -óleo s/ tela, 185cm x 242,5 cm. Rijksmuseum.
Adriaen van Utrecht. 1644 -óleo s/ tela, 185cm x 242,5 cm. Rijksmuseum.
No inicio as obras eram simplesmente categorizadas por assuntos, por exemplo: Flores, Frutas, Café da manhã (ontbijtjes), Banquetes (banketje), Ostentação (pronkstillevens), Vanitas - com um certo teor moral, etc. O termo, como gênero de pintura independente foi usado somente a partir de 1656 para conter todos os assuntos específicos citados acima numa só categoria.
A palavra Natureza Morta é uma adaptação que algumas línguas usam, como o italiano, o francês e o português. A palavra original deriva do holandês Stilleven (Still Life em Inglês). Que significa objetos inanimados, que não se movem mas que ainda assim remetem a vida: por exemplo as flores e frutas, os insetos, moluscos, peixes, etc.
O gênero permaneceu na historia da arte através do tempo sofrendo modificações em alguns casos ou mantendo-se dentro do modelo clássico.
Na Modernidade, muitos artistas continuaram a usar o tema das naturezas mortas, porém sob outras perspectivas.
Cézanne foi um dos grandes artistas a usar esse tema em sua obra. Nesse caso o artista escolhia os objetos apenas como pretexto para sua pintura, sem nenhuma intenção de ocultar significados. Os objetos serviam apenas como exercício através dos quais exercitava suas pesquisas pictóricas. O que importa aqui na verdade é a busca intelectual do artista sobre o uso de todos os elementos que compõe uma pintura: cores, linhas e formas, mas sobretudo a forma, o volume.
Cézanne foi um dos grandes artistas a usar esse tema em sua obra. Nesse caso o artista escolhia os objetos apenas como pretexto para sua pintura, sem nenhuma intenção de ocultar significados. Os objetos serviam apenas como exercício através dos quais exercitava suas pesquisas pictóricas. O que importa aqui na verdade é a busca intelectual do artista sobre o uso de todos os elementos que compõe uma pintura: cores, linhas e formas, mas sobretudo a forma, o volume.
Picasso também se valeu dos objetos como um meio de pesquisa pictórica. Sua busca tenta entender o mundo através das coisas, desconstruindo-as e reconstruindo-as novamente sob todas as possibilidades e perspectivas. O mundo estava em plena transformação e fragmentação e isso se reflete na obra e na busca do artista.
Matisse, Van Gogh, Braque, Dali, Gauguin, Magritte, e tantos outros.
Na Arte Contemporânea os artistas vão mais longe e os objetos/naturezas mortas são usados como forma de denuncia, critica e todo tipo de questionamento.
Ori Gersht um artista de Israel, fotografa naturezas mortas inspiradas em pinturas do passado. Ele usa câmeras com alta velocidade para capturar o exato momento em que o arranjo floral é estraçalhado. O contraste entra a mansidão do tradicional arranjo e a explosão da foto remete diretamente aos conflitos em sua terra natal.
O controverso e polêmico artista inglês Damiem Hirst criou a obra For the Love of God (2007) um crânio humano cravejado com 8.601 diamantes. A obra do artista é permeada pela obsessiva ideia da morte e da vida.
Rebecca Scott, pinta naturezas mortas onde explora através de cenas domesticas, como mesas bem arrumadas, a procura obsessiva por perfeição (e seu consequente fracasso) que nos é vendida através da mídia, das revistas destinadas ao publico feminino.
Suas pinturas de alimentos e grandes proporções, exploram questões psicológicas na medida em que e nos colocam em confronto com nossa própria existência material e da própria pintura.