Thursday 4 April 2019

De onde vem a arte?












O que é o fenômeno da arte? De onde brota a matéria prima da qual as obras de arte são feitas? Qual é sua morada, esse espaço onde a mágica acontece?
Seja a opera ‘Carmen’ de George Bizet ou a ‘Noiva Judia’ de Rembrandt. Seja o ‘Poema em Linha Reta’ de Fernando Pessoa ou a ‘9 Sinfonia’ de Beethoven. A vasta e prolífica obra de Vincent Van Gogh ou ‘Rapto de Proserpina’ de Bernini. O ‘Homem-Leão de Hohlenstein Stadel’ -  uma escultura de 38.000 a.C. A ‘Vênus de Tan-Tan’ de 200.000–500.000 a.C. Uma das peças mais antigas de escultura pré-histórica. Ou simplesmente a arte rupestre, nas Cavernas espalhadas por diversos lugares e conhecidas por todos.

O que existe em comum entre todas essas manifestações e revelações da alma humana? O que, na mente do homem o impele a criar, a produzir algo que ‘aparentemente’ não tem utilidade? De onde vem essa forca que deseja se comunicar, essa necessidade interna de expressar a si mesma?
Desde tempos imemoriais o ser humano abriga dentro de si essa necessidade de criar. Visto inúmeros achados antropológicos que atestam esse aspecto da alma humana. Em tempos em que a sobrevivência era prioridade absoluta, o homem já encontrava dentro de si esse anseio para elaborar e manifestar uma urgência por algo maior. Algo que transcendesse a fome, a segurança e o abrigo, suas necessidades mais básicas de sobrevivência. Algo superior a si mesmo, além da sua natureza ‘funcional’ e pratica. Uma busca por algo sem nome nem definição. Um anseio per se. A arte per se.
Sem compreender o funcionamento do mundo ao seu redor o ser humano encontrou na expressao desse anseio uma ponte de conexão com o mistério inerente da vida. Assim a arte esteve intimamente ligada às origens das práticas religiosas e às cerimônias de nascimento, morte, transição e transcendência. Os rituais, a dança, o drama são elementos de conexão com algo que esta além da simples lógica, mas acontece através da expansão da consciência, de que somos parte de algo Maior do que nós mesmos.

Apesar de ter encontrado respostas - sob a perspectiva da ciência e da tecnologia - para muitas de suas perguntas, o ser humano ainda se indaga e se questiona sobre os mistérios dos processos criativos. A incompreensível demanda que temos de nos conectar com esse universo enigmático da arte, da fantasia e dos sonhos.  Porque sentimos essa necessidade, tanto de criar como de usufruir, desfrutar dessa vasta gama de expressões que abrigamos sob o nome de arte? A arte nos oferece uma certa espécie de conforto, ela acomoda dentro de nos nossos aspectos conflitantes. Nos reconecta ao Todo e a todos.
Os mais pragmáticos procuram suas respostas na Ciência, que do ponto de vista do tempo é apenas uma criancinha em plena descoberta dos seus primeiros passos. A Ciência como tal, tem apenas em torno de 400 anos! Seu papel nas ‘coisas’ do mundo foi e é  imprescindível para o desenvolvimento da vida nesse local que chamamos de planeta Terra. Porem é limitado. Não nos fornece respostas para nossa questões mais transcendentais. Não tem acuidade quando o assunto diz respeito a esse universo de potencialidades que se expressa através da mente humana.  Os enigmas do mundo existem e persistem.  Através deles conseguimos nos conectar com a expressão maior do Todo. Da Ordem Inteligente que compõe e da qual é composto o Universo em que vivemos. Você pode dar o nome que quiser.
A arte vive nesse espaço mágico, nesse território incógnito e inexplorado pela grande maioria das pessoas. Encoberto por camadas a camadas de pragmatismo, lógica e congruência da mente cartesiana que sobrevive teimosamente dentro de nós.
O território aonde reside a arte é um campo de potencialidades. Nossa lógica materialista não consegue apreende-lo, percebe-lo, porque nossos parâmetros são deveras rudimentares e limitados para sua ‘aferição’. Não temos como acessa-lo através de ferramentas, instrumentos de medição ou de precisão. Qualquer tentativa de manipula-lo ele escapa, desaparece tal qual o ar rarefeito. A única maneira de compreende-lo é através dos dois canais através dos quais ele se manifesta. Me refiro ao artista que cria e ao espectador que usufrui das diversas expressões da arte. As emoções humanas são a base que tece essa enorme teia de potencialidades. O espírito atemporal que nos conecta a todos. As partículas incomensuráveis desse oceano, dessa abundante fonte que gera magnificente pinturas, arrebatadoras operas e sinfonias, extraordinárias pecas de arte de todos os tipos. Uma intrincada e complexa teia de potencialidades e possibilidades. A Inteligência, o espírito que nos habita e que ultrapassa os limites do pensamento científico e das probabilidades. Que reside nos átomos do nosso corpo desde os inícios, que esta' em todas as partículas ínfimas que compõe o Universo inteiro de coisas e Seres. A Ordem Maior que nos conecta a tudo e a todos e que rege essa imensa e profunda orquestra da Vida que pulsa perpetuamente no ciclo eterno de nascer e morrer. De cada célula, em cada instante.




A Noiva judia (ou Isaac e Rebeca)





O Homem-Leão de Hohlenstein Stadel




Vênus de Tan-Tan




Arte rupestre




1) Carmen de Georges Bizet - é uma ópera em quatro atos do compositor francês Georges Bizet.

2) Descoberto na caverna de Hohlenstein Stadel, nos Alpes da Suábia, no sudoeste da Alemanha. O Homem-Leão de Hohlenstein Stadel é o mais antigo entalhe antropomórfico de animais. A escultura de 38.000 a.C. é a primeira obra de arte descoberta na Europa a representar uma figura masculina. O Hohlenstein Stadel é uma das três cavernas que produziram evidências paleontológicas importantes. A obra tem 27,9 centímetros de altura e foi esculpida usando ferramentas simples de corte de sílex. Esta peça notável foi descoberta em 1939 pelo arqueólogo Robert Wetzel.

3) Cerca de 6cm de comprimento e 2cm de diâmetro, a Vênus de Tan-Tan é uma das peças mais antigas de escultura pré-histórica e foi descoberta no rio Draa, perto da cidade marroquina de Tan-Tan. Acredita-se que a obra de arte foi feita na era pré-Homo sapiens. O objeto é um pedaço de rocha de quartzo datado do período Acheuliano Médio. Entre 300.000 e 500.000 anos atrás. Alguns interpretaram como uma representação da forma humana. Foi descoberto em 1999, durante uma pesquisa arqueológica realizada por Lutz Fiedler, arqueólogo alemão.
4)Arte rupestre é o termo que denomina as representações artísticas pré-históricas realizadas em paredes, tetos e outras superfícies de cavernas e abrigos rochosos, ou mesmo sobre superfícies rochosas ao ar livre. A arte rupestre divide-se em dois tipos: a pintura rupestre, composições realizadas com pigmentos, e a gravura rupestre, imagens gravadas em incisões na própria rocha.