Tuesday 20 May 2008


DA SÉRIE: BRINCADEIRA DE CRIANÇA

  


EU TAMBEM QUERO BRINCAR -
Acrilico s/tela



CIRANDA DA PAZ - Acrilico s/tela
   



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UM POUCO SOBRE CRIANÇAS






No lúdico mundo das crianças, não existem regras ou leis e a imaginação permite todo tipo de brincadeiras, onde tudo é possível. Um novelo de lã vira sapo, uma lata vazia um copo, um pedaço de papel um brinquedo, uma pessoa vira bicho. As barreiras são inexistentes e todos os seres participam da grande brincadeira, conectados pela mágica e pelo sonho. Brincar traz à tona um rico material inconsciente, que precisa ser elaborado e trabalhado pela brincadeira e através dela. A criança resgata esses conteúdos e os traz para o mundo real em forma de fantasia. O brincar é onírico também e traz elementos do inconsciente pra fazer parte do acontecimento naquele momento.
A criança precisa brincar de diversas formas, com diferentes elementos. Brincar sozinha e com amigos. De correr, pular e saltar, esconde - esconde, pega-pega. Cada brincadeira tem sua dinâmica própria e traz questões diferentes a serem vivenciadas. Diferentes materiais precisam estar ao seu alcance para que possa experimentá-los e usá-los de diferentes maneiras. A imaginação deve ser estimulada e devemos proporcionar a elas todas às condições para que possam usufruir as mais variadas situações, que permitam a elas expandir seu potencial emocional e psíquico.
Os primeiros anos na vida de uma criança são importantíssimos, pois todas as experiências que proporcionamos a elas formam a base através da qual abrir-se-ão janelas de oportunidades e de aprendizado futuro.
A criatividade na imaginação de uma criança está o tempo todo em ação. Enquanto pequenas elas não tem nenhum pré julgamento das coisas e dos seres e permitem-se todos tipos de experimento. Sem medos e sem censura. A liberdade do ser em sua plenitude.
Temos uma infinita responsabilidade por elas e as moldamos conforme nossas atitudes e comportamentos. É necessária uma permanente atualização de nossas questões íntimas para que possamos acompanhá-las dia a dia em sua jornada e crescimento. A importância de cuidarmos das nossas crianças, nos preocuparmos com o ambiente onde vivem, com quem ficam a maior parte do tempo, quem está ao lado delas quando não estamos nós pais. Cabe a nós mantermos acesa a chama que brilha dentro de cada uma delas e orientá-las em seu caminho como seres de luz que são. Assim a criança interior de cada uma continuara a ser feliz e irradiar seu brilho pela vida afora.





 
SONHOS CONTEMPORÂNEOS
Precário sonhos...

O advento da modernidade trouxe inúmeros bens de consumo pro nosso dia a dia. Por causa dessas invenções, cada vez mais inusitadas, vamos nos acostumando a tê-las ao nosso alcance e passamos a usufruí-las e torná-las muitas vezes indispensáveis.Carros, roupas, objetos de uso doméstico, sapatos, móveis, celulares e um sem fim de coisas que adaptamos ao nosso “way of life”.Passamos a perseguir um padrão de vida e status, sem qualquer questionamento a respeito de nossas reais necessidades e da conexão desse padrão a nossa própria cultura e costumes.A mídia com seu papel determinante na imaginação de todos, provocou e estimulou a busca pela “satisfação garantida” ao obter este ou aquele bem ou produto.Somos bombardeados por imagens e mensagens que atravessam nosso olhar e nosso ser, cotidiana e repetidamente, nos prometendo saúde, poder, beleza, juventude, status e felicidade.Absorvemos tudo, sem ao menos elaborar e digerir o que de fato importa e é importante pro nosso verdadeiro bem estar.Engolidos pela lógica da economia orientada pelo consumo (que nos faz vítimas de nós mesmos) nos tornamos vorazes consumidores compulsivos não só de objetos, mas também de idéias, sensações e comportamentos.Ao mesmo tempo em que compramos, já pensamos no descarte de outras tantas coisas adquiridas.E assim, a máquina imperiosa da economia globalizante nos empurra, rumo a lugar nenhum, talvez uns esbarrando nos outros.
Nosso corpo passou a ser o santuário e depositário de todos os nossos desejos e aspirações: de juventude eterna, de estética perfeita, de inteligência a toda prova, de competência suprema.Temos que ler todos os livros, ver todos os filmes, saber de todas as notícias. Ser competentes, ágeis, dinâmicos e empreendedores.Dar conta de toda informação e formação necessárias ao nosso desempenho.
A busca por esse ideal de vida, nos tornou cegos e surdos. De tanto correr atrás, passamos a correr de nós mesmos.Evitamos olhar pra dentro ou chegar muito perto do outro. Hoje o mais importante é manter-se na onda, a todo custo.Nosso comportamento passou a ser ditado pelas últimas tendências, sejam tecnologias, seja moda, ou lugares que freqüentamos, o lugar onde moramos, as pessoas que conhecemos... um infindável arsenal de “coisas-que- temos-que-ter-e -fazer”.Tudo muito rapidamente ao-mesmo-tempo-agora. Senão, corremos o risco de sermos ultrapassados, descartados e deixados de lado, tal qual mercadoria vencida.

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Monday 19 May 2008

FRONTEIRAS DO OUTRO




Através do tempo, trilhamos caminhos que nos colocam constante e permanentemente em contato com outros seres.
No início da jornada somos apenas um estado de latência, esperando pelo toque mágico da transformação que o mundo nos provoca, e vai acontecendo aos poucos.Abandonados a nós mesmos e carentes de toda sorte de necessidades vamos bravamente superando as dificuldades e aprimorando e adquirindo suportes que nos permitem continuar avançando.Cada vez mais nosso processo vai amadurecendo e nosso “software” se sofisticando.Vamos elaborando conteúdos vividos e construindo a nossa bagagem, nosso ser enfim que aos poucos vai se esboçando.
Mas é no contato com o outro que acontece a possibilidade de crescer, de vivenciar e elaborar meu ser.Na fronteira com o outro, onde crio atritos, pontos de encontros ou afastamentos, que a necessidade do outro se torna vital, orgânica e imprescindível para tornar-me quem realmente sou.Na cultura cristã em que vivemos, fomos ensinados a refutar o embate, evitar o confronto.Porém como saber de mim mesmo, sem esses pontos de atrito com meu semelhante.Instigado pela presença/diferença do outro busco saber e conhecer como e quem realmente sou.Uso o outro, e só através do outro, pra estabelecer minha própria escala e minhas medidas internas.E no conflito construo e reconstruo a mim mesmo, inúmeras e infinitas vezes.
O processo de crescimento percorre caminhos e possibilidades infinitas.Vamos fazendo escolhas, renunciando a tantas outras e assim produzindo acontecimentos e provocando mudanças por onde passamos em quem tocamos. Vamos nos lapidando, aparando arestas aqui e ali, num permanente fluxo e refluxo de si mesmo.Damos um passo à frente, recuamos dois.E assim nos inscrevendo no mundo, provocando desequilíbrio e sendo desequilibrados.

Saturday 10 May 2008

IMAGENS





O QUE FAZER NUM MUNDO SUPERABUNDANTE DE IMAGENS, ONDE MUITO JA FOI FEITO, DITO, PENSADO?

Viver no que se chama de pos-modernidade *significa deparar-se com questões bastante difíceis para um artista.Quando pensa que tem atrás de si uma gama de possibilidades já testadas e experimentadas por outros artistas - em tempos em que ainda eram questões a serem pensadas e discutidas, pois eram pertinentes a época de então - confronta-se com uma questão importante para si mesmo e para sua obra.Hoje num mundo sem barreiras, sem fronteiras e sem dogmas determinantes, sem referenciais, onde tem a sua frente um vasto campo de outras tantas possibilidades percebe que apesar de tudo, criar um trabalho de consistência e importância (?) torna-se muito difícil.As questões que temos hoje, nos levam a pensar quase que efemeramente, nossos conceitos, se é que existem, nos trazem duvidas e pisamos cada vez mais em terreno movediço.Nossas idéias nos confundem e atropelam levadas por uma torrente cada vez mais caótica de novas idéias, informações e questões.Diante de tudo isso nos movemos.Criamos, respiramos, vivemos e tentamos estabelecer nossa obra no mundo. A fragmentação do conhecimento, a globalização, a era do descartável, tudo exerce uma enorme influencia sobre a criação e o pensar do artista, e conseqüentemente reflete essa situação.Sabemos sobre muitas coisas, porem sabemos muito pouco de cada uma delas.
Paradoxalmente, se olharmos para trás, e pesquisarmos algumas obras do passado, vamos ver que muitas carregam em si muito de contemporaneidade, do momento atual em que vivemos.Outro dia, fui ver Pancetti, no Museu Oscar Niemeyer, aqui em Curitiba, e surpresa, percebi o quanto de atual tem sua pintura, se pensarmos no período em que foram feitas.E obras como de Ligia Clark, Oiticica, só pra citar alguns.Onde se amparar, buscar suporte, contexto, que justifiquem a criação de novas imagens?
Todas as bienais de artes estão repletas de obras que por si só não se justificam, estão no mundo como que por acaso, por acidente.Será isso uma paródia mal feita do mundo em que vivemos, onde estamos? Porque temos a sensação de engodo, engano, de que alguém esta nos subestimando, quando em determinadas situações, estamos diante de alguma “suposta” obra de arte?
* A propósito do termo Pós-modernidade: quando usamos o termo Pós, este quer significar algo que vem depois: de um fato, de um acontecimento, de uma data especifica, enfim, supõe-se algo que superou aquilo a que se refere no passado.Portanto nos remete a algo que já aconteceu e algo que vem imediatamente depois deste acontecimento, como conseqüência o ultrapassa.Pois bem, quando aplicado à arte dos dias atuais não tem muito significado, perde o sentido.Desde o começo do século vinte onde aconteceram questões importantes que mudaram a face e o rumo da arte, não vemos grandes idéias em termos de mudança estrutural na arte.Desde que Duchamp nos propôs enigmas a serem decifrados, estamos procurando, as voltas, com propostas que se repetem, a exaustão.
Ando pelo mundo trilhando caminhos, buscando respostas, fazendo perguntas...



ENERGIA E DELICADEZA

Energia e delicadeza, intuição e reflexão. É dentro desse universo de polaridades que acontece o meu trabalho. E é justamente daí que vem a energia que move a minha linguagem.Busco através do processo, encontrar imagens que povoam a minha alma.Seres de poesia que vivem na sutil fronteira entre o real e o imaginário.Alimentados de memórias e vivências, eles vivem latentes, sempre na espreita à espera de uma possibilidade, de um sopro que os torne visíveis aos olhos.São imagens construídas de sonhos, de pensamentos, de alegrias e dores, pulsões e amores.As trago certamente comigo, desde há muito tempo e outras tantas as encontro pelo caminho e vou carregando comigo, um pedaço aqui um fragmento acolá... E vão se transformando na infinita bagagem sem tempo nem espaço que habita meu ser.Tento da melhor forma possível trazê-las ao mundo, traduzi-las em formas, cores e gestos.E através de sua existência, talvez, provocar um acontecimento.Muitas vezes deixam apenas rastros sobre a superfície, sinais precários de sua natureza etérea, pedaços inacabados de pensamentos.Por vezes torna-se difícil capturá-las por inteiro e restam apenas vestígios de sua passagem.Marcas e sinais incompletos do infinito fluxo que povoa meu ser.