Friday, 15 May 2015

SUZANNE JONGMANS e seus retratos vulneráveis








O Dutch Golden Age foi um período abundante e prospero na história da Holanda. Econômico, científico, comercial, cultural e sobretudo artístico. Muitos dos grandes mestres da arte holandesa viveram nesse período. Assim sendo, é muito natural para os artistas holandeses que toda essa importante bagagem histórica influencie seus trabalhos de alguma forma. E que bom que seja assim, afinal ter nascido no mesmo país que esses mestres e poder conviver de perto com sua arte é algo que faria bem para qualquer artista.
Assim acontece com Suzanne Jongmans. Seu trabalho olha para o passado e ao mesmo tempo constroe uma ponte com o presente. Suas fotografias de retratos são elaboradas com cuidado e delicadeza, recriando e ressignificando a arte dos séculos 16 e 17.
Mestres como Vermeer, Holbein, Clouet e a própria Golden Age são referencias assumidas pela própria Suzanne, com presença marcante no seu trabalho. Luz e sombra, tons sóbrios e densos, as vestimentas elegantes com sua característica simplicidade e frugalidade holandesa. A relação com a própria história da fotografia que naquele tempo lançou as bases do que viria a ser atualmente. - especula-se que artistas como Vermeer e Jan Van Eyck usaram um aparato chamado de câmera escura a qual refletia detalhadamente cenas e pessoas arranjadas pelo artista e as projetava na tela, onde então eram pintadas.
A matéria prima física usada nas vestimentas dos retratados constitui o corpo fundamental da sua obra. É daí que a artista tira a vitalidade e a energia que fazem sua obra ganhar sentido. Os materiais usados são um tanto incomum. É nesse ponto que sua arte revela algo que ao mesmo tempo esta oculto nas imagens. Um jogo de Trompe-l'oeil, o que o olho vê não é o que parece. Assim que o olhar se aproxima a surpresa acontece e fica evidente o material usado por ela. Papel espuma, plástico e  materiais usados para embalar coisas que seriam descartados após o uso ganham novo sentido nas mãos da artista. Estruturas construidas com o esmero e a técnica de quem domina a arte do fazer. Um background resgatado da infância aonde ela assistia a mãe e a avo na tessitura das roupas da família.
O consumismo e descarte fácil do mundo moderno em contrapartida com os símbolos de uma arte em que os valores são quase perenes. As questões levantadas pelo trabalho da artista falam de impermanência, temporalidade, vulnerabilidade.
A essência nas imagens de Suzanne dialogam constantemente entre os valores de um passado remoto e as urgências  do mundo moderno.


 *Suzanne Jongmans (website)


















Thursday, 13 November 2014

NATUREZA MORTA e seus segredos escondidos



     Still Life with Golden Goblet. 
     Pieter de Ring. 1640/1660. 100cm x 85cm. oil paint. Rijksmuseum.
         


STILL LIFE PAINTING ou NATUREZA MORTA

Numa visita a um museu, as Naturezas Mortas passam as vezes despercebidas ou renegadas a um segundo plano, talvez porque mal interpretadas.
Considerada uma arte menor no passado, envolvida em um certo tipo de preconceito no presente. Natureza Morta é um gênero de arte que merece ser descoberto - assim como toda manifestação de arte. Um olhar mais atento e cuidadoso, mas sobretudo uma certa dedicação em tentar entendê-la.

Tipicamente caracterizada pelo arranjo de objetos como flores, frutas, utensílios domésticos, livros, vasos, potes, alguns tipos de animais e insetos, conchas, moluscos, etc.
Esse tipo de pintura está presente desde o mundo antigo. Entres os egípcios, gregos e romanos. Porém com finalidades diferentes. Os Egípcios decoravam as tumbas com pinturas de frutas, pães, peixes e bebidas porque acreditavam que os mortos poderiam precisar dos alimentos em outra vida. Os Gregos e Romanos pintavam cenas murais, mosaicos no chão e potes, tendo como tema a comida. A intenção, entre outras, era demonstrar hospitalidade ou celebrar as estações.
Na Idade Média e através do Renascimento esteve estreitamente associada a religião e usada como alegoria juntamente com outros temas religiosos. Mas nunca como o assunto principal.
Nos séculos 15 e 16 era presença nas pinturas de alguns artistas, como Jan Van Eyck, Holbein e Caravaggio. Porém apenas como coadjuvante e ainda não como o tema principal. 

Ressurgiu como um gênero independente de representação pictórica no século 17, especialmente nos Países Baixos. Esse tipo de pintura até então não tinha um gênero propriamente dito na historia da arte. Isso na verdade foi sendo adquirido com o passar do tempo através do aparecimento daqueles que começaram a analisar e estudar as obras.


Holbein – The Ambassadors, 1533



Caravaggio - Supper at Emmaus,1601




Naquele período o Norte da Europa passava por transformações políticas e religiosas que afetaram todos as aspectos da vida das pessoas – a Reforma Protestante mais especificamente. Esses eventos também tiveram um impacto nos assuntos que os artistas escolhiam para suas obras. A Holanda, que até então não existia como país independente, apesar de dominada pela Espanha Católica, foi um dos poucos países que manteve suas raízes protegidas da influencia religiosa do catolicismo. Quando a Reforma se espalhou pelos Países Baixos a libertação definitiva dos artistas aconteceu. Os temas religiosos, históricos ou mitológicos já não tinham mais tanta importância como antes e agora os artistas se sentiam livres para escolher os temas que bem entendessem para suas pinturas
Assim dentro desse contexto histórico e político os artistas holandeses passaram a ter mais liberdade de escolha.  Impulsionados pelos acontecimentos e em busca de uma identidade que os resgatasse da influencia espanhola, sua arte passa a representar seu próprio território com suas paisagens, seus costumes, a vida cotidiana. Assim a representação das coisas em si mesmas merece uma posição de maior destaque e valor - as Natureza Mortas se adequaram muito bem a esse fim.




 Still Life with Flowers with on a Marble Tabletop. 
 Rachel Ruysch, 1716. o/s/t 48,5cm x 39,5cm. Rijksmuseum.

Inicia-se uma época de grande produção e pesquisa nesse gênero. Os artistas encontraram uma oportunidade de demonstrar suas habilidades e talentos. Esmeravam-se diligentemente na pintura das coisas, suas texturas, luzes e sombras, cores, superfícies e composições, etc.
Além do virtuosismo, cada elemento e objeto dentro da cena de uma pintura de Natureza Morta tem um significado oculto, simboliza algo além da simples aparência. Assim através dos objetos os artistas tinham a intenção de falar de outros assuntos.
A transitoriedade da vida por exemplo, representada pelas frutas (que se decompõe), insetos, a fumaça que se dissipa, o estopim de velas, velas acesas, relógios e ampulhetas.  Caveiras, a certeza da morte; frutas em decomposição, a decadência do corpo físico; instrumentos musicais, os prazeres mundanos e momentâneos, a audição; o espelho, a vaidade, o sentido da visão; as flores, vaidade e a beleza efêmera e também o olfato. Cartas, dados e livros, etc. 



 Banquet Still Life.
Adriaen van Utrecht. 1644 -óleo s/ tela, 185cm x 242,5 cm. Rijksmuseum.




No inicio as obras eram simplesmente categorizadas por assuntos, por exemplo: Flores, Frutas, Café da manhã (ontbijtjes), Banquetes (banketje), Ostentação (pronkstillevens), Vanitas - com um certo teor moral, etc. O termo, como gênero de pintura independente foi usado somente a partir de 1656 para conter todos os assuntos específicos citados acima numa só categoria.

A palavra Natureza Morta é uma adaptação que algumas línguas usam, como o italiano, o francês e o português.  A palavra original deriva do holandês Stilleven (Still Life em Inglês). Que significa objetos inanimados, que não se movem mas que ainda assim remetem a vida: por exemplo as flores e frutas, os insetos, moluscos, peixes, etc. 
O gênero  permaneceu na historia da arte através  do tempo sofrendo modificações em alguns casos ou mantendo-se dentro do modelo clássico. 
Na Modernidade, muitos artistas continuaram a usar o tema das naturezas mortas, porém sob outras perspectivas. 
Cézanne foi um dos grandes artistas a usar esse tema em sua obra. Nesse caso o artista escolhia os objetos apenas como pretexto para sua pintura, sem nenhuma intenção de ocultar significados. Os objetos serviam apenas como exercício através dos quais exercitava suas pesquisas pictóricas. O que importa aqui na verdade é a busca intelectual do artista sobre o uso de todos os elementos que compõe uma pintura: cores, linhas e formas, mas sobretudo a forma, o volume.
Picasso também se valeu dos objetos como um meio de pesquisa pictórica. Sua busca tenta entender o mundo através das coisas, desconstruindo-as e reconstruindo-as novamente sob todas as possibilidades e perspectivas. O mundo estava em plena transformação e fragmentação  e isso se reflete na obra e na busca do artista.
Matisse, Van Gogh, Braque, Dali, Gauguin, Magritte, e tantos outros. 
Na Arte Contemporânea os artistas vão mais longe e os objetos/naturezas mortas são usados como forma de denuncia, critica e todo tipo de questionamento.

Ori Gersht um artista de Israel, fotografa naturezas mortas inspiradas em pinturas do passado. Ele usa câmeras com alta velocidade para capturar o exato momento em que o arranjo floral é estraçalhado. O contraste entra a mansidão  do tradicional arranjo e a explosão da foto remete diretamente aos conflitos em sua terra natal.







O controverso e polêmico artista inglês Damiem Hirst  criou a obra For the Love of God (2007) um crânio humano cravejado com 8.601 diamantes. A obra do artista é permeada pela obsessiva ideia da morte e da vida.





Rebecca Scott, pinta naturezas mortas onde explora através de cenas domesticas, como mesas bem arrumadas, a procura obsessiva por perfeição (e seu consequente fracasso) que nos é vendida através da mídia, das revistas destinadas ao publico feminino.



Suas pinturas de alimentos e grandes proporções, exploram questões psicológicas na medida em que e nos colocam em confronto com nossa própria existência material e da própria pintura.  





Monday, 10 March 2014

As Formigas e a Pena


Uma formiga que caminhava, perdida, sobre uma folha de papel, viu uma pena que desenhava traços negros e finos.

— Que maravilha! – exclamou. – Que coisa notável! Tem vida própria e faz garatujas nesta bela superfície a ponto de poder equiparar-se aos esforços conjuntos de todas as formigas do mundo. E que rabiscos faz! Parecem formigas, milhões de formigas trabalhando juntas.
Contou seus pensamentos a outra formiga, que ficou igualmente interessada, e elogiou os poderes de observação e reflexão da primeira formiga.

Mas outra formiga lhe disse:

— Valendo-me de teus esforços, devo admiti-lo, tenho observado esse estranho objeto. Mas cheguei à conclusão de que não é ele que impulsiona seu trabalho. Cometeste o erro de não observar que a pena está ligada a outros objetos, que a rodeiam e conduzem. Esses devem ser considerados como a origem de seu movimento, podes crer.

Desse modo, as formigas descobriram os dedos.
Passado algum tempo, outra formiga caminhou sobre os dedos e percebeu que faziam parte de uma mão, que explorou total e minuciosamente, no estilo das formigas, andando por todos os lados, esquadrinhando-a toda. Voltou então para junto das companheiras e gritou-lhes: 

— Formigas! Tenho notícias importantes para vocês. Aqueles pequenos objetos fazem parte de outro muito maior. E este é o que realmente move tudo.

Depois descobriram que a mão estava ligada a um braço, e o braço a um corpo; que não existia uma, mas duas mãos; e que existiam dois pés, que não escreviam.
As investigações prosseguiram. Assim, as formigas chegaram a ter uma idéia adequada da mecânica da escrita. Através do seu método de investigação costumeira, entretanto, nada conseguiram saber a respeito do sentido e da intenção da escrita, nem sobre como, finalmente, eram determinados: as formigas não sabem ler e escrever.

Thursday, 13 February 2014

A ARTE SECRETA DE HILMA AF KLINT

                     




Art by Hilma af Klint - Group IV, n7/Adulthood


 

Os olhos que viviam no futuro...
Hilma af Klint, Estocolmo-Suécia (1862-1944)

Seu nome demorou para aparecer com destaque nas pesquisas sobre história da arte. Tão pouco nas buscas sobre arte abstrata ou nos registros sobre os pioneiros desse tipo de arte. Na verdade pode-se dizer que a História da Arte se reinscreve após o aparecimento de Hilma af Klint no cenário artístico. Foi ela quem produziu as primeiras obras abstratas registradas na história, em torno de 1906. Ate entao nada de similar tinha sido feito antes. Alguns bons anos antes de Kandinsky, Malevich, Mondrian ou Kupka. O trabalho radical dessa artista que dramaticamente inovou em formas, cores, expressão e significado só teve sua contraparte muitos anos depois através de artistas como Matisse.  




Art by Hilma af Klint





Teria af Klint lançado as sementes-origens da Arte do século 20?



Completamente desconhecida até pouco tempo atrás, sua obra foi descoberta por acaso, em 1985 - até então esteve armazenada em um porão do Centro Antroposófico de Estocolmo, na Suécia. 
No final dos anos 60 seus parentes fizeram uma tentativa de encaminhar alguns de seus trabalhos  até o Museu de Arte de Estocolmo (Moderna Musset). Na época o diretor do museu Pontus Hulten, um especialista em Malevich,  recusou-se a aceitar os trabalhos pelo fato da artista ser uma mulher - “uma mulher louca quem fez isso“. Assim, os trabalhos voltaram novamente ao  Centro Anstroposófico de Estocolmo onde estiveram guardados esperando o tempo certo para virem a público.  Na verdade, o desejo da própria Hilma af Klint foi que seus trabalhos só fossem exibidos vinte anos após sua morte. Ela acreditava que sua obra não seria compreendida pelas pessoas daquela epoca. Esse pedido não significava excentricidade de artista. A história de af Klint é muito singular assim como sua obra. Rica em significados, complexidade e enigmas. 


           


Art by Hilma af Klint





Frequentou a Escola de artes durante cinco anos (Royal Academy of Fine Arts – 1882/1887). Graduando-se com honras em 1887 e uma sólida formação acadêmica. Inicialmente se dedicou ao retrato e paisagens. Participou de algumas exposições, ate mesmo sendo reconhecida como pintora em sau cidade, Estocolmo.
Hilma viveu numa época pouco favorável as mulheres. Portanto não teve o direito de exercer a profissão de artista como seus pares do sexo masculino. Mesmo assim estabeleceu um atelier recluso onde trabalharia incansavelmente durante toda sua vida produzindo secretamente mais de 1000 obras, entre pinturas, desenhos, aquarelas.   
Durante  esse periodo algo começa a acontecer. Ela se debruça num estudo mais místico do mundo. Muito além do que nossos olhos podem alcançar, do que nossa razão possa perscrutar. Hilma se aprofunda no espiritualismo e na Teosofia. Ela acreditava firmemente que seu trabalho era conduzido e ditado por entidades espirituais. Sabe-se desse fato porque ela deixou registrado além de um diário secreto, centenas de cadernos onde descreve minuciosamente todos os processo de cada obra com as instruções que supostamente recebia das entidades - os manuscritos datam de 1890 até 1944. Seus registros dizem que em 1904 através do espírito de Ananda, Hilma foi chamada a executar um grande trabalho do plano astral. Formou um grupo com mais quatro artistas mulheres que todas as sextas feiras se reuniam para trabalhar e produzir juntas. Praticavam sessões guiadas por entidades espirituais através das quais acessavam outros níveis de consciência onde Hilma atuava como médium. 
Entre 1906 e 1915 produziu em torno de 193 trabalhos de grandes dimensões, coisa incomum para a época. Entre Agosto e Dezembro de 1907 criou uma majestosa serie intitulada The Ten Biggest (Os Dez Grandes). Dez obras monumentais de 3,28m x 2,40m que falam sobre a humanidade e os estágios da vida, sua beleza e significado. Tudo detalhadamente explicado nos inúmeros cadernos que mantinha. Só do ponto de vista físico já seria um grande feito para uma mulher de 1,57m de altura executar obras de tal tamanho e em tão pouco tempo. (Quem faz arte sabe do que estou falando). Hilma fez inclusive esboços de um possível local que no futuro abrigaria suas obras, Os Dez Grandes.










Os especialistas dizem que sua técnica e pinceladas são executadas de uma só vez, sem retoques ou hesitações. Uma proeza em se tratando da técnica tempera sobre papel. Um material que não permite a flexibilidade de outras técnicas por exemplo.
Hilma era uma atenta observadora do mundo, um espírito investigativo com sede de saber. Uma pessoa sensata e com grande aptidão para a matemática. Mesmo após o termino das obras guiadas pelos espíritos continuou criando e registrando seus pensamentos numa investigação incansável sobre o universo tentando entender a jornada, o caminho em que se encontrava. 
O que mais impressiona é a tenacidade, obstinação e firmeza na execução e realização de suas obras, a despeito do isolamento em que se encontrava e da segregação que sofria por ser mulher. Hilma não tinha relacionamento profissional com nenhum dos pintores da vanguarda da época, vivia em Estocolmo praticamente isolada em seu atelier sem ter conhecimento do que se passava ao redor do mundo nas artes. 





Art by Hilma af Klint - Free Will




O contexto histórico daquela época era um ambiente rico em descobertas científicas. Até o final do século XIX o mundo sofreu mudanças importantes como o descobrimento de algumas forças invisíveis: os raios-X, as ondas eletromagnéticas, os raios infravermelhos, os campos eletromagnéticos, o telégrafo. Essas forças invisíveis aconteciam num mundo paralelo e mais amplo do que nossos sentidos podiam captar. Estariam além do alcance do olho humano provocando a imaginação e a possibilidade de registrar as emoções, os pensamentos e sentimentos da alma humana.
A espiritualidade, a Teosofia, o Espiritismo e mais tarde a Antroposofia eram temas de forte influencia sobre os artistas naquela época. Eles acreditavam que era necessário transcender a materia para chegar a um conhecimento espiritual mais elevado. A busca de um Eu além do físico. Essas crenças estavam presentes em seus trabalhos, na busca por uma expressão que transcendesse o representacional. Uma jornada através da natureza interior.
Além dos músicos seria possível pintar a própria música?

Os olhos no futuro
Hilma af Klint ousou sair do lugar seguro e seguir suas próprias visões. Penetrar num território incomum naquela época. Explorar um espaco em que as mulheres não eram bem vindas - círculos artísticos estritamente masculinos.
Ela explorou o universo se movendo entre o micro e macro cosmo. Como as coisas estão interconectadas umas com as outras. As polaridades do mundo. Energias 'antagônicas' num continuum movimento se fundem e expandem. Feminino/masculino, luz/escuridão, quente/frio, etc. Além do visível mundo que habitamos existe um mundo em que tudo é uno. 


O futuro é agora
Em 1985 graças ao historiador de arte Ake Fant, Hilma af Klint é introduzida no cenário internacional. Em uma visita o Centro Antroposófico de Estocolmo o historiador entrou novamente em contato com o trabalho da artista. Convidou Sixten Ringbom, um especialista em Kandinsky,  para dar uma olhada nas obras armazenadas no local. O critico de arte ficou maravilhado com o que viu e imediatamente levou alguns trabalhos para uma exposição que estava organizando em Los Angeles  no County Museum of Art -  em 1986. 
 “The Spiritual in Art: Abstract Painting 1890-1985.” Depois disso o trabalho de Hilma percorreu o mundo em varias exposições.  
Os críticos se dividem na opinião sobre a posição que Hilma af Klint ocupa no cenário das artes. Enquanto alguns são cautelosos em definir sua arte e seu lugar na linha do tempo, outros a defendem com veemência justificando sua defesa através da eloqüência das obras em si mesmas. Obviamente que o mundo da arte, seus artistas, estilos e sua importância ao longo da historia são fortemente determinados pelas circunstâncias e contexto no qual estão inseridos.  A crítica de arte sempre ao longo da história teve - politicamente falando - a “função” de implementar, fomentar, propiciar suporte para as obras de arte produzidas pelos artistas. Portanto, estar “inserido” no universo desses acontecimentos seria de vital importância para o reconhecimento da obra como tal. Como Hilma viveu isolada, a margem desse universo alguns críticos resistem em qualificar suas obras.




  
                   


“The pictures were painted directly through me, without any preliminary drawings and with great force. I had no idea what the paintings were supposed to depict nevertheless, I worked swiftly and surely, without changing a single brushstroke”
                                                                                                Hilma af Klint




*A técnica usada e têmpera sobre papel que mais tarde foi colado sobre uma base rígida. 
*Ur Chaos seu primeiro trabalho abstrato é de 1906, dois anos antes de Kandinsky ter publicado sua primeira obra abstrata.
*Pinturas para o Templo compreende várias séries de trabalhos culminando com Peças para o Altar - (The Tem Biggest) dez imensas obras de 3,28m x 2,40m. Essas obras falam sobre a humanidade e os estágios da vida sua beleza e significado. Foram executadas em apenas 40 dias. 
*Hilma registrou durante 50 anos tudo sobre o ela estava fazendo.