Tuesday, 18 July 2006

 
Sobre arte, gravura e o fazer do artista

A arte para mim é, sobretudo um modo muito particular de ver e perceber o mundo, dentro de mim e a minha volta. Posso não pintar ou desenhar todos os dias, mas 'penso' em arte boa parte do meu tempo. Isso significa que meu olhar se constitui como um prisma, onde a luz passa através e se converte em todas as cores. No caso, a arte estaria para luz assim como as cores estariam para as minhas experiências no mundo. 
Através da arte aprendi a entrar em contato com a parte mais sutil de todas as coisas. Como um canal que me conecta a um mundo não imediatamente visível. As obras são coisas concretas, constituem-se de matéria: papéis, tintas, o algodão da tela, o cimento, ferro, o barro, o mármore, o vídeo, etc. Porém através das mãos do artista se transformam em algo além da matéria inicial da qual sao feitas. O artista acrescenta a sua obra toda a sua vivencia e a obra fica impregnada de suas relacoes com o mundo. Uma espécie de energia que ele extrai da matéria sutil do qual e feita a vida. Um mundo poético, onírico e pleno de possibilidades. O espectador diante da obra se liga a este mundo, é transportado até ele pela via do artista. Tem, porém um papel ativo neste processo, pois estando ali com tudo aquilo que lhe pertence, que é parte de seu próprio ser e de seu próprio mundo, torna-se também um participante ativo no processo de significação da obra. E é justamente aí que reside a grande beleza da arte, nesta teia de ressignificações possíveis contidas em todas as obras de arte.  Artista e espectador se encontram, se fundem neste momento. 
Criar para mim significa dispor e usar de múltiplos meios a minha volta, usando a pesquisa como ferramenta de descoberta de infinitas possibilidades, técnicas e poéticas. Pintura, escultura, desenho, fotografia, gravura, etc. Cada técnica revela-se em sua natureza de modo muito particular e característico. Oferecendo às mãos e a imaginação do artista, o que cada uma pode dar, à sua maneira própria. Venho trabalhando com arte desde há muito tempo, e cada vez mais o campo se expande e meus conhecimentos tornam-se pequenos diante de tanto a saber e a conhecer. 
O contato com a gravura aconteceu durante esta jornada de pesquisas e descobertas, na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, e na Oficina de gravura, ambos ministrados pela professora e artista plástica Juliane Fuganti. Significou para mim a abertura de um outro universo de possibilidades e afetividades. Permite a execução de trabalhos, que outras técnicas, até então, não haviam revelado. Cortar, perfurar, sulcar, pressionar, corroer, gastar, imprimir, gravar...toques firmes ou sutis. É a natureza do material que se confronta com as mãos do artista na tentativa de revelar toda a potência contida na matéria trabalhada.

1 comment:

  1. Eu... também faço Gravura, e adoro Arte....

    ReplyDelete