A Nau dos Insensatos - c.1490–1500/58 cm x 33 cm( Musée du Louvre, Paris)
O pintor do fantástico
Suas obras não são tão populares, porém pode ser que você já tenha visto alguma delas sem ao certo saber de quem é a autoria.
Seu nome permanece desconhecido para a grande maioria, assim como a história de sua própria vida, reforçando o enigma inerente às suas obras que carregam certa obscuridade nas cenas, imagens, sentido e interpretações.
Jheronimus (ou Jeroen) van Aeken, pseudônimo Hieronymus Bosch.
Nasceu na cidade de 's-Hertogenbosch ou simplesmente Den Bosch, capital da província de Brabant, nos Países Baixos.
Segundo as poucas informações sobre sua vida, tudo leva a crer que nunca se afastou de lá, vivendo e produzindo na cidade onde nasceu.
Suas obras pertenceram a nobres famílias de seu tempo, e quando morreu era famoso e conhecido como um pintor de visões excêntricas.
Segundo seus críticos, sua obra é permeada pela religiosidade (ele inclusive foi membro de uma Congregação religiosa chamada Irmandade de Maria, ou algo parecido). Constantemente aparece nas suas pinturas o tema da Paixão, dos sete pecados capitais, mas também vários símbolos alquímicos. Especula-se que Bosch seria um estudioso do assunto.
Bosch viveu num período de transição da Idade Média para a moderna com o advento do Renascimento. A mentalidade medieval com seus valores sombrios vai cedendo lugar a outro tipo de questionamento. Seu trabalho, portanto reflete esse momento em seus aspectos sociais, políticos, econômicos.
Naquele tempo todos vivam sob o domínio da Igreja, sob forte pressão do pecado que rondava e vigiava a todos o tempo inteiro. O bem e o mal espreitavam a vida cotidiana ameaçando a mente e o coração dos seres humanos. O céu e o inferno eram representaçãos presentes na vida diária.Esse era o contexto da época.
Através de suas imagens somos levados a um universo surreal de acontecimentos bizarros, grotescos, assustadores. Mil perguntas povoam a nossa mente, intrigada na tentativa de entendê-las.
Com mais cuidado e atenção, um pouco de informação sobre sua obra e seu tempo as portas do entendimento se abrem e sua mensagem chega até nós, fazendo uma viagem no tempo.
Na verdade o conteúdo das obras de Bosch é denso e repleto de significados, muitas vezes impenetráveis. Até mesmo entre os críticos não há consenso na interpretação de sua obra.
O universo de Bosch é hostil, impregnado de misticismo, figuras fantásticas. Estar diante de suas obras pode nos causar sentimentos controversos, inicialmente nos provocando estranheza, angústia, desconforto e alguns dos sentimentos menos nobres da família do tenebroso.
Apesar do seu discurso alegórico e carregado por dogmas e preceitos religiosos, seu discurso é atemporal porque fala da questão do humano, das mazelas da nossa própria condição humana.
Bosch usa metáforas para interpretar a alma humana. E recorre aos signos da linguagem do inconsciente.
Na tela A Nau dos Insensatos* por exemplo, o artista nos apresenta uma visão bastante pessimista e sarcástica do homem.
Várias pessoas (a humanidade) estão viajando juntas nos mares do tempo, num barco à mercê de sua própria sorte. Homens, mulheres, uma freira, um padre, nem mesmo os religiosos escapam de sua crítica mordaz. Todos em igual situação. Para Bosch são todos tolos aqueles que vivem na estupidez: comem, bebem, perseguem sonhos impossíveis, trapaceiam, jogam, flertam...a vida que gira em torno de fúteis acontecimentos e objetivos, sem nunca chegar a um destino final. Seus monstros e sinistros seres que vêm à tona nos causam arrepios e desconforto porque falam de sentimentos inerentes a nós humanos. Sentimos algo desconcertante que nos liga a eles. Bosch nos mostra o lado avesso da criatura humana, a feiúra escondida nas entranhas. A Nau dos insensatos não fala dos outros, mas de nós mesmos.
A maioria de suas obras perdeu-se pelo tempo, mas atualmente existe um registro delas (entre pinturas e desenhos) no Jheronimus Bosch Art Center, na cidade natal de Bosch em
’s-Hertogenbosch’, ou simplesmente Den Bosch. Uma tranquila e charmosa cidade a 80km ao sul de Amsterdam, capital da região de Brabant.
O Jheronimus Bosch Art Center, não exibe os originais do artista que se encontram espalhados pelo mundo nos museus e coleções. Mas ao invés disso, reproduções em formato original, material para pesquisa, conferências, biblioteca, etc.
*Há críticos que vêem apenas uma alegoria a luxuria e a gula nessa obra que também poderia ter sido inspirada num poema "O barco azul" de Jacob van Oestvoren +- 1413, ou na sátira de Sebastiaan Brandt de 1494; para outros é apenas o retrato da loucura e de uma vida dissoluta, não tendo ligação nenhuma com obras anteriores.
• Bosch herdou o dom da pintura na própria família: seu bisavô, avô, pai, e pelo menos quatro de seus tios eram pintores. Além de dois irmãos.
• Nenhum de seus trabalhos são datados, poucos são assinados. Atualmente cerca de 25 obras são confirmadas de sua autêntica autoria.
• Permaneceu à parte da escola flamenga, criando um estilo único, incomparável.
• Bosch morreu em sua cidade natal em 09/08/1516. Sua influência foi enorme sobre todos os pintores que tentaram penetrar nas fontes do irracional, particularmente os surrealistas
• Também conhecido como Jeroen Bosch (El Bosco na Espanha, onde teve um grande colecionador de suas obras: Filipe II de Espanha).
O Jardim das Delícias Terrenas (painel central)Hieronymus Bosch, 1504 -Óleo sobre madeira /220 × 195 cm
Museu do Prado, Madrid.
Fontes:
Uma homenagem a Hieronymus Bosch: dia 8 de agosto data da morte do pintor.
Monica Cella
A'dm 10 agosto 2010.
O pintor do fantástico
Suas obras não são tão populares, porém pode ser que você já tenha visto alguma delas sem ao certo saber de quem é a autoria.
Seu nome permanece desconhecido para a grande maioria, assim como a história de sua própria vida, reforçando o enigma inerente às suas obras que carregam certa obscuridade nas cenas, imagens, sentido e interpretações.
Jheronimus (ou Jeroen) van Aeken, pseudônimo Hieronymus Bosch.
Nasceu na cidade de 's-Hertogenbosch ou simplesmente Den Bosch, capital da província de Brabant, nos Países Baixos.
Segundo as poucas informações sobre sua vida, tudo leva a crer que nunca se afastou de lá, vivendo e produzindo na cidade onde nasceu.
Suas obras pertenceram a nobres famílias de seu tempo, e quando morreu era famoso e conhecido como um pintor de visões excêntricas.
Segundo seus críticos, sua obra é permeada pela religiosidade (ele inclusive foi membro de uma Congregação religiosa chamada Irmandade de Maria, ou algo parecido). Constantemente aparece nas suas pinturas o tema da Paixão, dos sete pecados capitais, mas também vários símbolos alquímicos. Especula-se que Bosch seria um estudioso do assunto.
Bosch viveu num período de transição da Idade Média para a moderna com o advento do Renascimento. A mentalidade medieval com seus valores sombrios vai cedendo lugar a outro tipo de questionamento. Seu trabalho, portanto reflete esse momento em seus aspectos sociais, políticos, econômicos.
Naquele tempo todos vivam sob o domínio da Igreja, sob forte pressão do pecado que rondava e vigiava a todos o tempo inteiro. O bem e o mal espreitavam a vida cotidiana ameaçando a mente e o coração dos seres humanos. O céu e o inferno eram representaçãos presentes na vida diária.Esse era o contexto da época.
Através de suas imagens somos levados a um universo surreal de acontecimentos bizarros, grotescos, assustadores. Mil perguntas povoam a nossa mente, intrigada na tentativa de entendê-las.
Com mais cuidado e atenção, um pouco de informação sobre sua obra e seu tempo as portas do entendimento se abrem e sua mensagem chega até nós, fazendo uma viagem no tempo.
Na verdade o conteúdo das obras de Bosch é denso e repleto de significados, muitas vezes impenetráveis. Até mesmo entre os críticos não há consenso na interpretação de sua obra.
O universo de Bosch é hostil, impregnado de misticismo, figuras fantásticas. Estar diante de suas obras pode nos causar sentimentos controversos, inicialmente nos provocando estranheza, angústia, desconforto e alguns dos sentimentos menos nobres da família do tenebroso.
Apesar do seu discurso alegórico e carregado por dogmas e preceitos religiosos, seu discurso é atemporal porque fala da questão do humano, das mazelas da nossa própria condição humana.
Bosch usa metáforas para interpretar a alma humana. E recorre aos signos da linguagem do inconsciente.
Na tela A Nau dos Insensatos* por exemplo, o artista nos apresenta uma visão bastante pessimista e sarcástica do homem.
Várias pessoas (a humanidade) estão viajando juntas nos mares do tempo, num barco à mercê de sua própria sorte. Homens, mulheres, uma freira, um padre, nem mesmo os religiosos escapam de sua crítica mordaz. Todos em igual situação. Para Bosch são todos tolos aqueles que vivem na estupidez: comem, bebem, perseguem sonhos impossíveis, trapaceiam, jogam, flertam...a vida que gira em torno de fúteis acontecimentos e objetivos, sem nunca chegar a um destino final. Seus monstros e sinistros seres que vêm à tona nos causam arrepios e desconforto porque falam de sentimentos inerentes a nós humanos. Sentimos algo desconcertante que nos liga a eles. Bosch nos mostra o lado avesso da criatura humana, a feiúra escondida nas entranhas. A Nau dos insensatos não fala dos outros, mas de nós mesmos.
A maioria de suas obras perdeu-se pelo tempo, mas atualmente existe um registro delas (entre pinturas e desenhos) no Jheronimus Bosch Art Center, na cidade natal de Bosch em
’s-Hertogenbosch’, ou simplesmente Den Bosch. Uma tranquila e charmosa cidade a 80km ao sul de Amsterdam, capital da região de Brabant.
O Jheronimus Bosch Art Center, não exibe os originais do artista que se encontram espalhados pelo mundo nos museus e coleções. Mas ao invés disso, reproduções em formato original, material para pesquisa, conferências, biblioteca, etc.
*Há críticos que vêem apenas uma alegoria a luxuria e a gula nessa obra que também poderia ter sido inspirada num poema "O barco azul" de Jacob van Oestvoren +- 1413, ou na sátira de Sebastiaan Brandt de 1494; para outros é apenas o retrato da loucura e de uma vida dissoluta, não tendo ligação nenhuma com obras anteriores.
• Bosch herdou o dom da pintura na própria família: seu bisavô, avô, pai, e pelo menos quatro de seus tios eram pintores. Além de dois irmãos.
• Nenhum de seus trabalhos são datados, poucos são assinados. Atualmente cerca de 25 obras são confirmadas de sua autêntica autoria.
• Permaneceu à parte da escola flamenga, criando um estilo único, incomparável.
• Bosch morreu em sua cidade natal em 09/08/1516. Sua influência foi enorme sobre todos os pintores que tentaram penetrar nas fontes do irracional, particularmente os surrealistas
• Também conhecido como Jeroen Bosch (El Bosco na Espanha, onde teve um grande colecionador de suas obras: Filipe II de Espanha).
O Jardim das Delícias Terrenas (painel central)Hieronymus Bosch, 1504 -Óleo sobre madeira /220 × 195 cm
Museu do Prado, Madrid.
Fontes:
Uma homenagem a Hieronymus Bosch: dia 8 de agosto data da morte do pintor.
Monica Cella
A'dm 10 agosto 2010.
No comments:
Post a Comment