O Rijksmuseum está aberto novamente, e pode-se dizer que no sentido metafórico também. Surpreendentes e ousadas novidades esperam pelo público.
O diretor do museu Wim
Pijbes é um entusiasta de seu tempo e das tecnologias e inovações da nossa era.
Aberto e dinâmico ele propõe mudanças que vão além da fachada. Oferece um novo museu, onde a arquitetura moderna
incorporada à antiga se alarga e contagia com uma nova abordagem da arte
clássica, dos Velhos Mestres, da Grande Arte. Ele oferece um novo museu integrado
ao seu tempo sem o autoritarismo e a sacra seriedade de outrora. Sem altares
nem idolatrias, sem o ranço do bom gosto acadêmico.
Além das mudanças
físicas no prédio gótico-renascentista de autoria de Pierre Cuypers que foi
inaugurado em 1885, têm muitas outras.
Para começar, a exibição
das obras segue uma abordagem muito diferente da anterior e algumas regras
foram quebradas. Tradicionalmente o museu seguia um modelo de curadoria por
departamento, onde a coleção (cerca de 1.000.000 de peças no total) - que
contém desde arte aplicada da idade medieval até a moderna e obras primas da
Golden Age- era exposta por modalidade. Pinturas na seção de pinturas,
esculturas na seção de esculturas e assim por diante. Agora a coleção é exibida
por ordem cronológica. Objetos, pinturas, desenhos, gravuras estão numa mesma
sala. Cada seção mostra obras de um determinado século. Numa sala com uma
pintura de guerra como, por exemplo, A Batalha de Waterloo, de Jan Willem Pien (1824)
o expectador também vai encontrar em exposição armas, objetos decorativos,
desenhos e gravuras do mesmo período. As peças dialogam entre si contando
histórias do tempo a que pertencem. No caso das pinturas de uma artista, por
exemplo, tem-se uma idéia mais clara sobre como era a época e o contexto de sua
obra.A essência da idéia é
trazer a arte clássica para mais perto do público, promover um verdadeiro
encontro com as obras.
O curador do museu Taco Dibbits diz que "atualmente o publico está acostumado a
ver tv, fimes e fotografia, objetos bidimensionais - então eles passam para as
pinturas...misturando os diferentes meios nós esperamos que as pessoas vão
começar a ver novamente esses objetos".
A idéia de misturar as duas formas, objetos dimensionais e tridimensionais a fim de que o espectador consiga de fato ver novamente e melhor apreciar as obras também está presente na nova proposta do museu em relação ao compartilhamento das imagens. Nessa questão eles vão além. Agora é permitido fotografar todas as obras. Isso mesmo, fotografar todas as obras! Pode parecer esquisito porque antes a qualquer movimento das mãos os seguranças já alertavam: no photos!
A idéia de misturar as duas formas, objetos dimensionais e tridimensionais a fim de que o espectador consiga de fato ver novamente e melhor apreciar as obras também está presente na nova proposta do museu em relação ao compartilhamento das imagens. Nessa questão eles vão além. Agora é permitido fotografar todas as obras. Isso mesmo, fotografar todas as obras! Pode parecer esquisito porque antes a qualquer movimento das mãos os seguranças já alertavam: no photos!
Isso faz parte de um
projeto maior que agora também disponibiliza ao público no website do museu
imagens em alta resolução de 125.000 obras da coleção, sem custo algum. Antenado com seu tempo o curador reconhece a
força e o impacto dos meios de compartilhamento de imagens, mas não só isso. A
inovação parte do pressuposto de que a inteira coleção de arte do Rijks já é de
domínio público, portanto pertence a todos. Se as obras pertencem a todos nada
mais justo do que compartilhar as imagens com o público. Assim também seria um
modo de manter a qualidade na reprodução das imagens mundo afora. No website do
Rijks tem um Rijksstudio onde a pessoa se registra e tem acesso a todo o
conteúdo. Pode fazer o download das imagens e imprimi-las onde bem quiser. Tem
várias idéias e sugestões também.
Outra questão que chama
atenção é que não se vê nenhuma espécie de eletrônicos no museu.
Pressupõe-se que o espectador já tenha seus próprios gadgets. Aliás, as
apps do Rijks permitem que o espectador faça sua própria curadoria, organize
sua própria exposição por temas, de acordo com seus desejos e interesses.
A nova curadoria optou
por um conceito mais enxuto na escolha das obras expostas, menos é mais. Mantendo inclusive uma harmonia com a estética
holandesa, simples e limpa, sem rebuscamentos. Para tanto os curadores dos diferentes setores do museu tiveram
que fazer opções e renúncias na escolha das obras. A essência é trazer ao
público uma exibição sobre a beleza e o tempo.
Os objetos também
revelam pouco sobre si mesmos, eles apenas revelam as informações básicas nas
etiquetas. A curadoria acredita que o próprio publico, se interessado em obter mais
informações sobre determinada obra pode baixá-la em seus smartphones/gadgets.
“eu acredito na autenticidade, na autoridade dos próprios
objetos”
diz o curador do Rijks
Taco Dibbits. Ou segundo Duncan Bull, curador de
pinturas estrangeiras
“nós queremos que as pessoas eduquem a si mesmas através de
sugestões, não queremos pregar a elas”.
Bem ao estilo muito
holandês, diga-se de passagem: faça você mesmo.
Photo by Pedro Pegenaute
Photo by Iwan Baan
Photo by Iwan Baan
Photo by Pedro Pegenaute
Passagem interna: ciclistas, pedestres, visitantes
*A renovação e
restauração do Rijks foi feita pela empresa espanhola Cruz Y Ortiz Arquitetos em trabalho com o arquiteto
francês Jean-Michel Wilmotte e com o arquiteto restaurador Van Hoogevest
*A antiga passagem de bicicletas por dentro do museu permaneceu aberta. Aliás, venceu! Após longos e intermináveis anos de disputa. Os moradores entusiatas do uso da bicicleta lutaram e protestaram veementemente para ter o direito da passagem aberta. Quase uma instituição dos locais, e de Amsterdam também. No momento está ainda fechada até junho quando deve ser reaberta ao publico. Felizmente! Dentro da passagem as antigas paredes de tijolos foram substituidas por vidros, assim os ciclistas e pedestres tem uma visão para dentro do museu.
*As paredes foram
coloridas com cinco tons sóbrios de cinza de acordo com a paleta original de
Cuypers. As obras que exigem vidro usam
o material de última geração, permitindo uma visão limpa e clara.
*8.000 objetos expostos
em 80 galerias, apenas o aclamado Night Watch de Rembrandt foi
mantido no local original na Sala de
Honra como foi concebido pelo primeiro arquiteto do Rijksmuseu Pierre
Cuypers.
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