Ir ao cinema é um ritual. Você decide pelo filme, cria algumas expectativas, compra os ingressos, passa no balcão e compra uma pipoca e entra na sala procurando pelo seu lugar "quentinho". Por algum tempo esse lugar vai te proporcionar uma viagem, uma aventura, uma descoberta. Por algum tempo você vai viver outras vidas e mergulhar pra dentro das emoções daqueles personagens.
Acomode-se, o filme está prestes a
começar...
Se tem algo que eu curto muito é
assistir a um bom filme. Nossa atividade preferida em família, desde a escolha
do filme aos comentários no final é diversão na certa.
O cinema tem algo mágico (isso é muito clichê eu sei...) tem o poder
de nos transportar para dentro daquele universo tão único e especial que é a
visão de um diretor. O arranjo de todos os elementos que compõem e constituem o
filme: a fotografia, o roteiro, a direção, os personagens, o figurino e tantas
outras coisas formam uma liga que amarra e mantém a trama fazendo-nos viajar ao
longo da história contada.
Por alguns momentos a vida fica em suspenso e
vivemos outras vidas e outras possibilidades. Os personagens vem até nós, nos
convidam a dar um mergulho dentro da sua intimidade, dos seus pensamentos, emoções,
sonhos e dramas. E vivemos aquele turbilhão de emoções, vidas e eventos que se
entrecruzam e se mesclam com a nossa própria vida.
Quanto mais bem construido o
filme, quanto mais rica e intrincada a vida interior dos personagens, mais oportunidades ele nos oferece. O cinema tem a grande capacidade de expandir a nossa
consciência, alargar nossas perspectivas do mundo e até mesmo quebrar nossos
paradigmas. Na verdade toda arte tem a potencialidade de fazer isso. Mas a linguagem do cinema
por ser mais dinâmica e envolver os sentidos, visão e audição, nos arrebata
mais fácil e docilmente, não oferece obstáculos. Somos quase que interceptados,
capturados pra dentro daquele mundo como ou sem a nossa autorização. Ao
contrário de uma tela ou escultura por exemplo, que requer nossa iniciativa e
empenho, nossa participação mais ativa em perscrutar o que está acontecendo
ali. Depende da nossa vontade de ficar ou ir embora.
Um filme bem feito pode ser de qualquer
tipo, comédia, drama ou ação, ficção científica ou thriller. O que importa é o
modo como a historia é tratada, como é elaborada e transformada em um produto
não acabado, aberto ao nosso entendimento, participação e ressignificação.
Quanto mais camadas de interpretação e significado tem um filme melhor ele é -
na minha modesta opinião. Filme bom é aquele que cola em você, mesmo depois que
você vai embora ele fica lá, perambulando pela tua cabeça mesmo que você nem
perceba a sua presença. Algo aconteceu, algo se transformou, dentro da gente...aquele que entrou
nao é mais o mesmo que saiu. Pode ser até uma comédia, daquelas que só se faz rir. E
a sensação no final é de leveza, calma e alegria. E isso também é bom e também
é transformador e redentor. Sim o mundo pode ser um lugar bom de se estar.
Mesmo que momentaneamente, no escurinho do cinema...
Life's a breeze
Genero: comédia
Ano: 2013
Diretor: Lance Daly
País: Irlanda
Pat Shortt and Fionnula Flanagan.
Eva Birthistle, Gerry McCann, Philip
Judge, Lesley Conroy, Peter Coonan, Brian Gleeson, Paul Ronan and Kelly
Thornton, participação especial de Ryan Tubridy e Joe Duffy.
Os filhos decidem fazer uma faxina
na casa da mãe, uma idosa aposentada, sem que ela saiba. Quando ela retorna,
eles animadamente a levam para um tour pela nova casa, onde todo o entulho
guardado durante anos e anos foi jogado fora. Petrificada, a mãe pergunta pelo
colchão...onde supostamente guardava suas economias de muitos anos, um milhão
de euros! Começa então uma corrida maluca em busca do colchão que a esta altura
já está no sistema de reciclagem de lixo da cidade - Dublin. Uma comédia
deliciosa que faz rir e pensar ao mesmo tempo, de um modo leve e suave. Os
dramas da vida sem muito drama. O filme aborda algumas questões importantes da
vida. Os relacionamentos entre filhos e os pais que envelhecem e as implicações
disso na vida cotidiana. O próprio fato irreversível do envelhecimento e suas
consequências, vivido pela personagem Nan (a espetacular Fionnula Flanagan). Destaque
também para atriz Kelly Thornton (a neta de Nan). Na verdade o filme se
sustenta através dessas duas atrizes que se comunicam pelo olhar.
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