The Red Kimono, 1896, George Hendrik
Breitner. Stedelijk Museum Amsterdam
A alma feminina de Breitner
20 Fevereiro a 22 de Maio 2016.
A mulher e seus encantos. Beleza e mistério.
Forca e delicadeza. Sensualidade e inocência.
Forcas contrárias e aparentemente antagônicas convivem em perfeita ordem
no mundo interior das mulheres. Incógnita a ser desvendada por poetas, artistas
e amantes. Seu fascínio sempre exerceu um forte apelo sobre os criadores e
fazedores de arte. Monalisa e seu sorriso enigmático que o diga. A Vênus de Botticelli
que encarna com graça e poder a figura feminina. A sensualidade explicita de
Olympia de Manet, as musas coloridas de Matisse. E o que dizer das Madonnas de
Leonardo da Vinci e Rafael...? São tantas as mulheres icônicas e emblemáticas ao longo
da história da arte que não faço justiça em tentar nomear apenas algumas.
George Hendrik Breitner é minha mais
recente “descoberta” nesse vasto mundo das mulheres representadas na arte. Não
propriamente uma descoberta porque já tinha visto Breitner antes e até mesmo
uma(s) das suas Meninas de Quimono. Mas vê-las numa exposição pela primeira vez
todas juntas, é uma overdose de beleza e fascínio, para os olhos e o coração.
Sem falar na parte esteta que aprecia com delícia até mesmo os detalhes
técnicos das obras e da história por trás das obras que nos conta a exposição.
Uma série de 20 pinturas, 13 Garotas
de Quimono e um nu, que o Rijksmuseum de Amsterdam esta apresentando ao público.
Ao longo da exposição o espectador
vai conhecendo um pouco mais sobre o artista, seu processo de criação e suas
escolhas.
Girl in a White Kimono,
1894, George Hendrik Breitner. Rijksmuseum, Amsterdam
The Earring, 1893, George
Hendrik Breitner (1857-1923). Museum Boijmans Van Beuningen, Rotterdam.
Girl in a White Kimono,
1894, George Hendrik Breitner. Rijksmuseum, Amsterdam.
A exposição é organizada através
de fotografias, desenhos e esboços do
artista. Assim o espectador segue um caminho que o orienta no sentido de como o
artista produziu as obras. Os quimonos como objeto de desejo vem de sua estada
em paris em 1884 quando a moda era o Japonismo.
A partir dos esboços, registros nos
seus cadernos e de fotos, sabe-se que a
maioria das Meninas de Quimono pintadas por Breitner é Geesje Kwak. Uma jovem holandesa
da cidade de Zandaam, próximo a Amsterdam, que se mudou para a capital junto
com a família no ano de 1880. Ela tinha entre 16 e 18 anos na época em que
posou para o artista. Seu rosto delicado e corpo esguio e longilíneo contribuem
para a peculiaridade das obras.
Poucos artistas conseguem captar com tanta precisão e riqueza o mágico universo feminino. Breitner vai
além e atravessa as fronteiras do apenas visível. Perpassa a alma de suas mulheres-modelos trazendo á tona suas emocoes mais secretas e invisíveis aos olhares desatentos. Suas Meninas de Quimono são
delicadas, suaves e até mesmo inocentes. Mas por outro lado exibem uma
sensualidade voluptuosa e quente, implícita nos pequenos (grandes) detalhes.
Nos gestos, na cabeça que pende lasciva sobre o sofá, no olhar lânguido que se
revela, na imagem através de um espelho, nos gestos delicados de um momento íntimo da modelo que coloca um
brinco diante do espelho. Elas conseguem nos transmitir uma gama de emoções que talvez só as
almas femininas tem acesso. Tão simples, tão descomplicado e tão eloquente.
Geesje Kwak in
Japanse kimono,1893-1895. G.H. Breitner, 16.8 x 12 cm.
Universiteitsbibliotheek Leiden
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